Mães que fizerem aportes no Tesouro Educa+ terão direito a seguro de vida e cestas básicas para filhos, além de receber suporte em caso de violência doméstica

O Tesouro Nacional lança hoje uma iniciativa para incentivar mulheres a investirem em títulos públicos, em parceria com o Banco do Brasil, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO. A partir de um produto já existente, o Educa+, o novo título vai oferecer retorno atrelado à inflação, a partir de aportes mínimos de R$ 35. O papel vai se chamar Educa+ Mulher.

O governo quer aumentar a participação das mulheres entre os investidores do Tesouro Direto. Segundo dados disponíveis, até novembro do ano passado o público feminino representava apenas 26,7% dos aplicadores. Este ano, estão previstos ainda outros lançamentos do Tesouro Direto, com cunho ambiental e social.

Como parte do incentivo para que mulheres invistam nessa modalidade do Tesouro Direto, elas terão direito a benefícios como suporte jurídico e psicológico em caso de violência doméstica e seguro de vida de R$ 15 mil.

As mulheres poderão cadastrar seus filhos na plataforma do Banco do Brasil. Com isso, além da apólice de seguro, as crianças terão direito a 12 cestas básicas em caso de falecimento de suas mães.

Homens poderão aplicar no papel, mas não receberão os benefícios extras — seguro e suporte jurídico e psicológico. E mesmo que o pai já tenha cadastrado o filho no Educa+, a mãe pode fazer o investimento no novo papel e cadastrar a criança, para que ela tenha acesso aos benefícios.

Estímulo à poupança

O projeto pretende alcançar 100 mil mulheres — o Educa+ soma atualmente 40 mil investidores —, já que elas ainda recebem salários inferiores aos de homens que trabalham nas mesmas funções e têm menores oportunidades no mercado de trabalho e pouco acesso à educação financeira. Isso motivou outro incentivo: cursos básicos de finanças para essas investidoras, oferecidos pelo Banco do Brasil.

O volume em estoque do RendA+ e do Educa+ ainda é muito baixo em relação aos demais produtos do Tesouro Direto, correspondendo a 1,1% e a 0,1% do total, respectivamente. As maiores fatias se concentram no Tesouro Selic, com 37,3%, e no IPCA+, com 37,9%.

Tire a seguir as suas dúvidas sobre como vai funcionar o novo papel do Tesouro Direto.

Para que serve o Educa+ mulheres?

O objetivo é que mulheres poupem recursos para a educação de seus filhos e, ao mesmo tempo, recebam benefícios que ajudem a tirá-las de situações de vulnerabilidade.

Qual é o aporte mínimo?

É de R$ 35 pela plataforma do Banco do Brasil.

Quais são os benefícios?

Além dos rendimentos, investidoras terão benefícios. Seguro de vida para as mulheres, em que os filhos recebem R$ 15 mil de indenização no caso do falecimento da mãe e 12 cestas básicas. Também há suporte jurídico e psicológico em caso de violência doméstica. Os benefícios valem por um ano e só é preciso um aporte para ter direito.

Homens não podem aplicar?

Podem, mas não recebem o seguro, nem assessoria jurídica ou psicológica

Qual é o rendimento?

O rendimento é atrelado à inflação (IPCA) mais uma taxa fixa.

Uma criança cadastrada no Educa+ pelo pai pode ser cadastrada novamente?

Sim. Uma criança pode ter um novo cadastro no Educa+ pela mãe para que ela tenha acesso aos benefícios

Quem já tem Educa+ recebe automaticamente o seguro?

Não. É necessário um novo aporte de R$ 35 pela plataforma do Banco do Brasil

No caso do falecimento de uma mãe com dois filhos, cada um deles, cadastrado no Educa+, recebe indenização de R$ 15 mil?

Não. As crianças recebem o valor em conjunto, ou seja: R$ 7.500 por cada um.

O que os analistas de investimentos acham?

Para Paulo Luives, sócio da Valor Investimentos, mais do que levantar recursos para a União, os novos produtos têm por meta instalar a cultura de poupança nos brasileiros:

— O hábito de poupar ainda é muito incipiente. Cerca de 70% da população está endividada. Não sobram recursos para guardar. E quem tem dinheiro para investir não tem acesso, na maioria das vezes, a alternativas fáceis e de baixo custo. Por isso, vejo esses lançamentos como algo muito positivo.

Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, avalia que o Educa+, lançado em agosto do ano passado, ainda não caiu no gosto da população, já que poucas pessoas têm o objetivo de juntar dinheiro para pagar algum curso, sendo mais comum guardar recursos para a velhice:

— A gente já vê resgates, embora o volume de aplicações seja bem maior. Desde agosto, vimos aplicação de pouco mais de R$100 milhões nesse título. Talvez o objetivo não seja tão visado pelos investidores.


Fonte: O GLOBO