Policiais militares Cleonizio Marques Vilas Boas e Gleyson Costa de Souza também devem voltar aos trabalhos em setores administrativos. Decisão é da Câmara Criminal do TJ-AC e teve dois votos favoráveis e um contrário.

A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) decidiu, por dois votos a um, pela prisão domiciliar dos policiais militares Cleonizio Marques Vilas Boas e Gleyson Costa de Souza, presos pela morte da enfermeira Géssica Melo de Oliveira em dezembro do ano passado. Além disto, ambos também foram liberados para trabalhar em funções administrativas.

A decisão ocorreu na última terça-feira (30) e foi confirmada ao g1 nesta quinta (1º) pelo advogado Wellington Silva, que compõe a defesa dos policiais. Segundo ele, o início do julgamento ocorreu na semana passada, onde houve o pedido de conversão da prisão preventiva em domiciliar, sem o uso de tornozeleira eletrônica. Apenas o desembargador Elson Mendes, que pediu vistas ao processo, votou contra.

"Por dois a um, nós conseguimos provimento parcial ao nosso habeas corpus para que fosse convertida a prisão preventiva em prisão domiciliar sem monitoramento eletrônico e com o direito a trabalhar internamente numa função administrativa para ambos os policiais militares. Eles já se encontram em suas residências, cumprindo as determinações legais", disse.

Ainda de acordo com o advogado, o que havia ficado no impasse era sobre se eles ficariam exercendo ou não a função que desempenhavam antes da morte de Géssica.

Sobre o pedido à Vara Criminal de Senador Guiomard, no interior do Acre, acerca da apreensão das armas de agentes de todas as guarnições que participaram da perseguição policial, a defesa disse que a Justiça ainda não decidiu sobre o pedido. Vilas Boas e Souza estão presos desde o dia 2 de dezembro, e no dia 27 tiveram um pedido de soltura negado.

O caso


Géssica Oliveira morreu após ser baleada pelo Gefron durante perseguição policial na BR-317 — Foto: Arquivo pessoal

Géssica morreu durante uma perseguição policial no dia 2 de dezembro na BR-317, em Capixaba, interior do Acre. O Grupo Especial de Fronteira (Gefron) afirma que Géssica estava armada, fazia manobras perigosas que colocavam em risco a vida de outras pessoas e por isso atiraram no carro para pará-la.

Após a morte, a polícia achou uma pistola 9 milímetros jogada próximo do local do acidente. A arma é de uso restrito das forças armadas.

A família contesta a versão apresentada e diz que a enfermeira não tinha arma de fogo. Ainda segundo os parentes, Géssica sofria de depressão, teve um surto, pegou o carro e saiu dirigindo em direção ao interior do estado. Ainda conforme a família, a enfermeira teve pulmão e estômago atingidos por tiros.

A enfermeira morava no bairro Jorge Lavocat, em Rio Branco. O irmão afirmou também que o carro usado por Géssica está no nome de uma amiga dela, que inclusive é médica e a atendeu no hospital de Senador Guiomard. "O carro era da Géssica, mas estava no nome da Fabíola, não tinha transferido ainda. Eram amigas, tinha comprado esse carro há algum tempo", complementou.

Fonte: AC24Hs