Após publicação de Emerson Jarude (Novo) em uma rede social, governo publicou nota na qual afirma que a Polícia Civil é apenas guardiã dos veículos que são ligados a processos judiciais.

Equipe do deputado registrou imagens dos veículos durante fiscalização e mostram carros, viaturas, motocicletas e até uma retroescavadeira tomados por vegetação e deteriorados — Foto: Asscom Emerson Jarude/Arte g1

Um cenário que lembra séries e filmes de apocalipse. Essa foi a situação encontrada por uma equipe de fiscalização parlamentar no pátio da Polícia Civil em Rio Branco, onde ficam depositados mais de três mil veículos ligados a processos judiciais, segundo o governo.

Imagens feitas pela equipe pertencente ao gabinete do deputado estadual Emerson Jarude (Novo) mostram carros, viaturas, motocicletas e até uma retroescavadeira tomados por vegetação e deteriorados por conta do longo tempo de inatividade e falta de manutenção. No local, a equipe também encontrou um espaço com acúmulo de água que foi registrado como possível criadouro de larvas do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue e várias outras doenças. (Confira abaixo uma galeria com fotos do local)

Após a fiscalização, o parlamentar publicou parte do material em uma rede social e denunciou possível prejuízo com o abandono dos veículos, que, segundo Jarude, poderiam ser reaproveitados. O deputado classificou o local como “cemitério de veículos”.

“O que você está vendo é o depósito de veículos da Polícia Civil, onde viaturas são abandonadas ou condenadas como sem conserto. Na frente, ficam os carros e motos que foram apreendidos em ações da Polícia Civil. Muitos desses chegaram funcionando ao depósito, mas ao invés de serem colocados a leilão, ou doados para outras instituições, acabaram destruídos pela força do tempo.

Ônibus, caminhões, tudo poderia ter sido aproveitado antes de virar sucata velha. E um dos maiores focos de dengue que a nossa fiscalização já viu. Quanto tempo você acha que demora para que as coisas cheguem a esse ponto? Esse abandono não começou agora, mas ele precisa acabar”, diz a postagem.

Os veículos são de variados tipos, desde carros institucionais do governo do estado e até um veículo com identificação da Justiça Federal. Segundo a assessoria de comunicação de Jarude, do total, 1,2 mil são motocicletas.

“Mais de três mil veículos abandonados. Boa parte disso tudo foi pago com seu dinheiro e poderia ter sido reaproveitado de maneira muito mais eficaz. Agora, tudo que resta é sucata, prejuízo e provas da incompetência”, acrescentou o parlamentar.

FOTOS: mais de três mil veículos estão abandonados em pátio da Polícia Civil do AC


1/14Veículo abandonado em pátio da Polícia Civil do Acre — Foto: Arquivo/Asscom Emerson Jarude


2/14Veículo abandonado em pátio da Polícia Civil do Acre — Foto: Arquivo/Asscom Emerson Jarude

O que diz o governo


Dos mais de três mil veículos abandonados em depósito, pelo menos 1,2 mil são motocicletas, segundo fiscalização parlamentar — Foto: Arquivo/Asscom Emerson Jarude

Por meio de nota publicada na agência oficial do governo, a Polícia Civil alega que os veículos não são propriedade do estado, mas sim originados por processos judiciais. Segundo a nota, assinada pelo delegado-geral José Henrique Maciel, a reutilização dos veículos caberia ao Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), seja por meio de cessão temporária, ou através de leilão.

Portanto, conforme a publicação, a Polícia Civil e o governo são apenas guardiões dos veículos e não podem decidir sobre outras finalidades para eles


Entre viaturas e carros institucionais, são mais de três mil veículos em pátio da Polícia Civil do Acre — Foto: Arquivo/Asscom Emerson Jarude

Ainda de acordo com a nota, no último dia 18 de janeiro a Polícia Civil encaminhou uma lista atualizada de todos os veículos que estão à disposição do tribunal para providências administrativas. O g1 entrou em contato com a assessoria de comunicação do TJ-AC e aguarda retorno até esta publicação.

“A Polícia Civil, por conta dos processos em trâmite, é apenas guardiã desses veículos e, por força de lei, aguarda o desfecho dos processos junto à Justiça, formado em sua grande maioria por feitos de investigações e apreensões”, afirma a nota.

Mesmo com a alegação, a equipe de Jarude reforça que, por meio da Lei nº 11.343/2006, conhecida como Lei Antidrogas, os bens apreendidos em processos sobre tráfico de drogas não podem ser devolvidos aos proprietários, e, portanto o estado poderia dar nova destinação aos itens.

Segundo a equipe do parlamentar, boa parte dos veículos guardados no depósito da Polícia Civil tem origem em processos dessa natureza, e poderiam ser cedidos ou leiloados.

“Então, não importa se o processo está em trânsito ainda, já poderia dar um destino para esses carros. Não são todos, obviamente, mas como se trata de operações da Polícia Civil, a gente sabe que a boa parte é com relação ao tráfico de drogas mesmo”, acrescentou a assessoria de Jarude.

Fonte: G1