Advogado de Larissa Vulcão diz que pretendem processar a companhia aérea
A diretora da União Nacional dos Estudante (UNE), Larissa Vulcão, conta que passou por momentos "extremamente constrangedores" ao tentar embarcar em um voo da Gol na última quarta-feira, no Aeroporto Internacional de Brasília. Ela diz que foi vítima de racismo por parte dos atendentes da companhia aérea, que se demonstraram grosseiros, gritaram com ela e questionaram a posse de suas malas. A militante e seu advogado dizem que pretendem processar a empresa.
Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Larissa narra que já havia passado pela revista de segurança e estava na fila do embarque quando uma atendente da Gol lhe impediu, dizendo que ela carregava "objetos a mais". O item em questão era uma caixa, e a diretora explicou que pertencia a uma amiga que ia pegar o mesmo voo.
Em seguida, a atendente fez várias perguntas, como "quem é sua amiga?" e "de onde se conhecem?". A diretora respondeu que era uma colega de trabalho e foi ordenada a entregar a caixa para ela, que estava perto do fim da fila. Em todos os momentos, Larissa tentou questionar o procedimento, mas foi respondida com reviradas de olhos e palavras ríspidas.
— Vale lembrar que isso foi na frente de todo mundo que estava na fila — disse Larissa, a fim de ressaltar o constrangimento da situação.
Após voltar à fila, havia um homem ao lado da atendente. Ele a forçou a escolher entre suas duas malas para o embarque e mostrou-se impaciente quando ela tentou questioná-lo.
— Esse homem era extremamente agressivo na hora de falar comigo e disse que eu não poderia embarcar com as minhas duas malas, então tive que entregar uma e ficar com uma — afirma a diretora da UNE.
Larissa e suas amigas conseguiram entrar no avião, mas resolveram reclamar do atendimento com os responsáveis que estavam no local. Um deles conduziu o grupo aos atendentes da área de embarque, que responderam com mais grosseria.
— A menina que foi racista comigo foi agressiva, a fala dela com a gente era absurda. Em nenhum momento ela pediu desculpas, era sempre uma tentativa de se justificar. Em um momento, ela tira o crachá de forma agressiva, para a gente não conseguir tirar foto, não conseguir registrar nada — conta Larissa.
Uma funcionária se justificou à diretora contando sobre o caso de um homem que tentou embarcar recentemente com uma mochila que lhe foi entregue por um desconhecido.
— Quando a menina veio explicar a questão da caixa, eles botaram a gente para dentro [de uma sala] e fecharam a porta, para proteger os trabalhadores ali — disse a militante — era sempre uma tentativa de proteger elas e nos deixar isolados.
A diretora da UNE lamenta que a companhia aérea não lhe deu respaldo em nenhum momento nem pediu desculpa. Além disso, ela observou que nenhum outro passageiro foi tratado da mesma forma. Após a reclamação, o grupo foi escoltado por atendentes de volta ao avião, onde fizeram um discurso publicado no Instagram.
Em nota ao GLOBO, a Gol afirmou que "lamenta profundamente o sentimento da Cliente durante o embarque do voo G3 2053, que partiu de Brasília com destino ao Rio de Janeiro às 10h45 desta quarta-feira, 31 de janeiro, e informa que, com total prioridade, a área de atendimento ao Cliente já tentou contato para ouvi-la sobre o ocorrido e até o momento não obteve retorno".
Larissa confirma que a empresa entrou em contato, mas ela ainda está preparando uma resposta com a ajuda de seu advogado. Eles dizem que vão processar a Gol pelo ocorrido.
— Iremos tomar providências tanto na área cível, para exigir reparação aos danos causados, quanto na esfera criminal, para apurar o cometimento de crimes e responsabilizar aqueles que eventualmente tenham cometido os delitos — disse o advogado de Larissa.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários