Uma denúncia tem levantado uma série de dúvidas sobre irregularidades na Associação Médica do Acre (AMAC). São vários questionamentos apontados, como domínio familiar na entidade, dificuldades de filiação de outros médicos e falta de transparência durante o processo eleitoral.


Um dos fatores que chama atenção é que a entidade só tem apenas 14 médicos filiados e na última eleição, apenas cinco médicos teriam votado, sendo o atual presidente, o médico Antônio Clementino da Cruz Júnior, e sua esposa, a médica Jene Greyce Oliveira da Cruz, atual 1ª Secretária da entidade e um filho do casal, também médico.



“A gente não consegue se filiar nesta associação, o que deveria ser fácil. A dedução é simples: com pouca gente, o que faz com que a entidade não tenha representatividade alguma, facilita para que a família se perpetue no poder”, diz um médico que prefere não ser identificado.

A entidade, que existe desde 2008, só teve o casal de médicos como presidente em mais de dezesseis anos. Pela lei, o dirigente de entidade médica, seja associação ou sindicato, tem direito ao afastamento remunerado do trabalho. A médica Jene Greyce acumula dois afastamentos por mandato classista, o primeiro datado de 2018, com vigência de 10 de novembro de 2017 a 26 de setembro de 2020, e o segundo, com vigência de 19 de setembro de 2020 a 18 de setembro de 2023.

Uma nova solicitação de afastamento por mandato classista, protocolada em 27 de novembro de 2023, permanece em aberto até o momento na Secretaria Estadual de Saúde.




Conforme a denúncia, a situação se agrava pela constatação de que Jene Greyce não está lotada em nenhuma unidade de saúde do estado. Desde o término do último mandato classista, em setembro do ano passado, ainda conforme o Portal da Transparência, a médica continua recebendo um salário bruto de mais de R$ 18,4 mil mensais, totalizando um montante de mais de R$ 110 mil, sem estar incluída em nenhuma escala de serviço.

Outro fator levantado pela acusação é em relação ao endereço fornecido no site da Associação Médica do Acre que é o mesmo da clínica particular da própria médica Jene Greyce. O telefone fornecido também está associado à clínica particular. “Isso evidencia uma possível utilização da Associação como pretexto para obtenção de licença classista, sem oferecer benefício real à classe médica ou à sociedade”, diz o denunciante.



“Como cidadão preocupado com a transparência e a ética na gestão pública, decidi trazer à luz essas informações preocupantes sobre a Associação Médica do Acre. É fundamental que as autoridades investiguem essas irregularidades e garantam que os recursos públicos sejam utilizados de forma responsável e em benefício da comunidade”, afirmou o denunciante.

O outro lado

A médica Jene Greyce foi procurada pela reportagem do ac24horas. Em uma nota, a profissional afirma que novos filiados não bem-vindos, que as eleições seguem as normas estatutárias e que está aberta ao diálogo e pronta para fornecer todas as informações necessárias, reafirmando o compromisso com a transparência e a legalidade.

Leia abaixo a nota:

A Associação Médica do Acre – AMAC, por meio da sua diretoria, vem a público expressar seu posicionamento frente às recentes indagações levantadas por representantes da imprensa sobre as operações, gestão eleitoral e remuneração de servidores.

A Associação Médica do Acre fundada em 1976, sem fins lucrativos, é federada da Associação Médica Brasileira – AMB, e, portanto, todas as nossas ações são conduzidas dentro dos preceitos legais e regulamentações aplicáveis e referendados pela entidade nacional.

A AMAC sempre pautou sua atuação na promoção da saúde, no bem-estar da população acreana e no desenvolvimento profissional dos médicos que representa. Estamos abertos ao diálogo e prontos para fornecer todas as informações necessárias que comprovam a regularidade de nossos projetos e iniciativas,

A AMAC funciona atualmente em espaço cedido para executar suas ações, e conta com a ajuda dos repasses da AMB para sua manutenção. Todos os médicos que queiram se associar são benvindos, e os trâmites de admissão de novos sócios seguem o regime estatutário. Da mesma forma, o processo eleitoral a cada gestão segue as normas eleitorais previamente estabelecidas e referendadas pela AMB.

Estatutariamente nenhum membro em cargo de diretoria recebe nenhuma forma de remuneração ou pagamentos, são cargos honoríficos, e respeitando as normas e legislação vigente a dra. Jene Greyce, atualmente 1ª secretária, encontra-se afastada sob mandato classista, para o exercício de suas atividades representando a AMAC em tudo que for necessário.

A Associação Médica do Acre e a Dra. Jene Greyce, reafirmam seu compromisso com a ética, a transparência e a legalidade, e permanecem à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam necessários.

Respeitosamente,
Associação Médica do Acre
Diretoria