Cúpula da PF nega exposição de dados sigilosos do MP e tenta amenizar a crise

Membros do Ministério Público do Rio de Janeiro relataram à coluna que predomina no órgão o sentimento de “traição” em relação à Polícia Federal no caso Marielle Franco.

A insatisfação dos promotores tem duas frentes principais que foram expostas em uma nota do MP emitida na noite de quinta-feira. A primeira é que os membros do órgão avaliam que a Polícia Federal teve uma “postura desleal” ao expor dados de investigações do MP do Rio que ainda estão em andamento, de maneira sigilosa.

O segundo ponto foi o fato de a PF colocar, indiretamente, no relatório do caso Marielle, que o órgão apresentou resistência para federalizar a investigação e, assim, dificultá-la.

Procurados pela coluna, membros da cúpula da PF fluminense negam a exposição de informações sigilosas do MP do Rio e afirmam que tiveram “o cuidado de não expor diligências em andamento”. Dizem ainda que a PF teve autorização judicial para o compartilhamento de todas as informações que constam no relatório final do caso.

Com a crise instaurada, diretores da PF do Rio buscaram promotores do Ministério Público do Estado para colocar panos quentes na situação. Em conversas telefônicas, tentaram justificar os termos do relatório e passaram a mensagem de que os trabalhos das instituições seguem juntos e são complementares. Há, entre os promotores, a expectativa que a cúpula da PF tenha uma conversa pessoalmente com o comando do MP estadual para estancar a crise.

Como informou a coluna, na quinta-feira, a PF fez gestos à Polícia Civil, durante uma reunião. No encontro, o chefe da corporação, o delegado Leandro Almada, destacou que não haverá caça às bruxas, após a prisão do ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, sob acusação de planejar o assassinato da vereadora.


Fonte: O GLOBO