Minério descoberto na década de 1980 está entre os mais raros e mais caros do mundo; comerciantes ilegais podem responder por usurpação de bens da União

A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira, uma operação contra o comércio informal do minério Turmalina Paraíba. A Operação Deep Blue apura as transações que envolvem a rara pedra preciosa.

Segundo as investigações, o minério era comercializado por pessoas e empresas sem autorização, que utilizavam, inclusive, páginas na internet.

A ação, segundo a PF, indica que os exemplares comercializados seriam extraídos de minas ilegais, ou não são declarados à Agência Nacional de Mineração e à Receita Federal.

Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de Campina Grande (PB), Santa Luzia (PB), Equador (RN) e Parelhas (RN).

Caso sejam condenados, os responsáveis identificados podem responder por usurpação de recursos da União, extração de minério sem licença ambiental e sonegação fiscal, crimes associados à lavagem do produto.

Pedra rara e cobiçada

Descoberta na década de 1980, no estado do Nordeste que lhe dá nome, a gema é encontrada em pouquíssimas minas ao redor do planeta, algumas no Brasil, de onde saem os exemplares mais valiosos. A produção, entretanto, é muito escassa, quase extinta, tornando-a cada vez mais cara e cobiçada.

Mesmo que não sejam mais caras que os diamantes, as gemas raras conferem exclusividade às joias e a quem as usa. Para calcular a qualidade de uma pedra preciosa, especialistas usam o critério dos quatro Cs, adaptado da língua inglesa: lapidação (cut), pureza (clarity), quilate (carat) e, o mais importante, cor (color). Além disso, a raridade de uma gema e o design exclusivo de uma joia podem fazer o seu preço se multiplicar rapidamente.

A pedra recebeu o nome porque foi encontrada pela primeira vez no distrito de São José da Batalha, no interior da Paraíba. O país é rico em turmalinas verdes, mas ninguém tinha visto aquela pedra de azul tão intenso que logo foi chamada de azul neon.

Houve quem chegasse a pensar que se tratava de uma falsificação. Para sanar as dúvidas, em 1989 a gema foi enviada para o Instituto de Gemologia da América, nos Estados Unidos, o maior laboratório de pedras do mundo, que constatou tratar-se de uma nova pedra, nunca antes vista.


Fonte: O GLOBO