Jogador afirmou que, por falta de atenção, pode ter dado a chance de terceiros interpretarem errado o fato de posar com o dedo em riste no início do Ramadã

Antonio Rudiger deu sua primeira entrevista desde que denunciou um jornalista por associá-lo ao Estado Islâmico. O zagueiro do Real Madrid rebateu as críticas e apresentou uma queixa no Ministério Público contra Julian Reichelt após ser criticado por publicar uma foto com vestes da religião islâmica e o dedo em riste. Reichelt escreveu, nas redes sociais, que o jogador fazia, na imagem, o "dedo do ISIS" (sigla do grupo terrorista, em inglês, cujos membros fariam um gesto semelhante em peças de propaganda extremista).

Na publicação, Rudiger saudava o início do Ramadã, mês do calendário islâmico em que os fiéis fazem jejum até o sol se por, entre outros rituais. "Que o Todo-Poderoso aceite nosso jejum e nossas orações", escreveu ele. Depois da postagem do jornalista, em entrevista ao Bild, o zagueiro explicou o gesto.

— O gesto que usei é chamado de dedo tawhid. No Islã, isso é considerado um símbolo da unidade e unicidade de Deus. O gesto é difundido entre os muçulmanos em todo o mundo e apenas nos últimos dias o Ministério Federal do Interior o classificou como não problemático — destacou o atleta. — Como muçulmano devoto, pratico a minha fé, mas me distancio firmemente de qualquer tipo de extremismo. Defendo a paz e a tolerância.

Rudiger afirmou que diferentes crenças coexistem em sua família. Ele disse que os parentes se respeitam e celebram juntos as festas religiosas. O jogador, no entanto, reconheceu que seu gesto pode ter sido mal interpretado.

— No entanto, também reconheço que, devido à atenção insuficiente, dei a terceiros a oportunidade de interpretarem deliberadamente mal a minha postagem para dividir e polarizar. Mas não vou oferecer uma plataforma para divisão e radicalização, e é por isso que decidi fazer uma declaração clara após os nossos dois jogos bem-sucedidos [da seleção alemã]. Ao mesmo tempo, não permitirei ser insultado, por isso decidi apresentar uma denúncia — ressaltou ele.


Fonte: O GLOBO