Roseli de Araújo Pereira, de 40 anos, passou no concurso para professora de Assis Brasil, no interior do Acre. Vaquinha pretende arrecadar R$ 5 mil para pagar mudança e exames do concurso.

A vendedora de frutas Roseli de Araújo Pereira, de 40 anos, aprovada no concurso público para professora em Assis Brasil, no interior do Acre, decidiu fazer uma vaquinha online para conseguir assumir a vaga conquistada.

Roseli realizou o sonho de passar no concurso para professora desde que começou enquanto ela estudava em sua tenda. Porém, ela agora enfrenta um novo desafio. Para assumir sua vaga no concurso, é necessário que Roseli mude para o interior do Acre, com seu filho.

Além disso, ela ainda precisará realizar uma série de exames para demonstrar estar apta para a vaga. Por esse motivo, com a ajuda e ideia de amigos, a nova concursada decidiu fazer uma vaquinha online para viabilizar esses trâmites.

"Eu tenho até o dia 26 de março para arrecadar todo esse valor (R$ 5 mil) e conseguir assumir. Eu tenho que alugar uma casa, e me manter até eu receber o primeiro salário", explica.

Roseli ainda esclarece que o marido ficará em Rio Branco trabalhando, para pagar algumas dívidas do casal, enquanto ela vai organizar as coisas na nova cidade.

Estudos

A autônoma que tem uma rotina pesada com a venda de frutas há três anos com seu marido, estudou e se preparou através de um cursinho online em seus momentos livres no trabalho. Ela foi aprovada em quarto lugar e agora aguarda a convocação.

Roseli conta que nasceu em uma família muito humilde, com recursos financeiros limitados. Ela define sua infância como 'difícil'. Quando era criança, relata que não recebeu incentivos da família para estudar. Criada por uma mãe solo que precisou trabalhar para criar os filhos, ela não foi ensinada sobre a importância de estudar para conseguir empregos melhores no futuro.

“Muito cedo eu larguei meus estudos, parei de estudar. Abandonei na quarta série e passei 15 anos sem estudar. Nesse percurso eu sofri muito, porque hoje em dia, a vida da gente que não tem uma profissão, que não tem estudo, não tem uma formação, é bem difícil, né?”, questiona.

A autônoma relata que teve que aprender a sobreviver no mundo. Após o nascimento de seu filho, Roseli trabalhou em várias áreas, mas por conta das dificuldades, decidiu trabalhar como autônoma.

Além do horário, muitas outras dificuldades são enfrentadas pelo casal. Em época de chuvas, os dois se molham, a tenda também e chega até mesmo a ser derrubada pelos temporais. Foi assim que uma chama de mudança foi acesa dentro de Roseli, a fim de mudar de vida.

A única solução que ela via, era voltar a estudar. “Comecei a pensar em voltar a estudar, porém devido as dificuldades eu achava muito difícil, achava quase que impossível, mas dentro de mim existia aquela vontade de mudar de vida, de melhorar, de sair daquela situação”, conta.

Fonte: G1