Novo trecho, com quatro pistas e 8 quilômetros de extensão, deverá ficar pronto em 2028
A operadora de concessões de infraestrutura CCR começará nesta sexta-feira as obras da nova subida da Serra das Araras, em Piraí (RJ), no lado fluminense da Rodovia Presidente Dutra. O novo trecho, com quatro pistas e 8 quilômetros de extensão, majoritariamente sobre pontes e viadutos, deverá ficar pronto em 2028. São R$ 1,5 bilhão em investimentos, incluindo a reforma da atual pista de subida, que será convertida em descida da serra.
As obras, que deverão gerar 5 mil empregos, começarão com a licença ambiental concedida pelo Inea, órgão estadual de regulação e fiscalização do meio ambiente do Rio. O ministro dos Transportes, Renan Filho, visitará nesta sexta-feira o canteiro de obras para assinar a ordem de serviço para que a construtora EGTC, do grupo Queiroz Galvão, dê início aos trabalhos.
Carla Henriques Silva Fornasaro, presidente da CCR RioSP, concessionária que opera a Via Dutra e o trecho da BR-101 conhecido como Rio-Santos, destacou os esforços de redução dos impactos ambientais das obras.
A ampliação das pistas que cortam a Serra das Araras está em estudo há anos pela CCR, desde quando a empresa detinha a primeira concessão da Via Dutra. Planos de construir túneis extensos foram abandonados e substituídos por 24 viadutos.
Segundo a CCR, essas estruturas exigem menos desmatamento e evitam barreiras à circulação de animais. Além do menor impacto ambiental, o novo projeto ficou mais eficiente, com investimentos mais baratos, completou Carla.
O presidente da CCR Rodovias, Eduardo Camargo, ressaltou ainda que a operação de túneis é mais complexa e custosa para a concessionária. No caso de acidentes, por exemplo, viadutos permitem resgates via helicóptero. Incêndios dentro de túneis também representam um risco adicional.
O aporte de R$ 1,5 bilhão equivale a 10% dos R$ 15 bilhões totais que a CCR RioSP deverá aplicar em todos os trechos sob sua administração ao longo de todo o contrato. Segundo Camargo, o pacote de financiamento do projeto deverá ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 11 bilhões. A meta é fechar a contratação do financiamento de longo prazo até o fim deste ano.
Se, por um lado, o nível elevado das taxas de juros mundo afora, resquício dos desequilíbrios econômicos deixados pela pandemia de Covid-19, deixa o cenário menos favorável para investimentos de longo prazo, por outro lado, a regulamentação do novo modelo de debêntures de infraestrutura – títulos de dívida com isenção tributária – poderá ampliar as fontes de financiamento.
– Talvez um dos principais ofensores a novos investimentos em infraestrutura seja o nível das taxas de juros existente. É um eterno drama do Brasil. Somos muito favoráveis ao equilíbrio fiscal, porque isso que vai proporcionar a queda nas taxas de juros – afirmou Camargo.
Apetite para novos projetos
Apesar dos juros elevados, o executivo disse que a CCR segue com apetite para adquirir novos projetos, diante das oportunidades oferecidas pela extensa agenda de leilões de concessões rodoviárias proposta pelo Ministério dos Transportes.
A CCR Rodovias tem um plano de investimentos de R$ 28 bilhões, já contratados nas concessões sob sua administração. Segundo Camargo, a empresa tem capacidade financeira e operacional para mais. Por outro lado, diante da quantidade de opções, a companhia pode ter uma postura “seletiva”, disse Camargo:
– Temos por prática estudar quase todos os projetos que tenham o perfil da CCR, mas, ao mesmo tempo, mantemos a nossa disciplina, do nível de retorno mínimo e de um risco adequado – afirmou Camargo, completando que a CCR persegue o crescimento. -- A gente quer e precisa crescer, mas não a qualquer custo.
Para Camargo, a correta “precificação” dos investimentos nos projetos leiloados será uma variável importante par atrair investidores, diante dos juros elevados. Como o governo “tem estado muito aberto para ouvir o mercado”, o executivo tem visto avanços nesse ponto.
Após o leilão do trecho da BR-040 entre Juiz de Fora e Belo Horizonte, o presidente da CCR Rodovias, Eduardo Camargo, lembrou que relicitar concessões devolvidas não é suficiente para reforçar a confiança de investidores.
Ele diz que será preciso também resolver as concessões que estão em renegociação para serem repactuadas, sobre anuência do Tribunal de Contas da União (TCU) – nesse caso, os operadores não querem devolver os projetos, mas julgam que as concessões ficaram economicamente desequilibradas e cobram do governo ajustes no contrato.
Chamado de “otimização de contratos”, o programa envolve 14 concessões de estradas que somam 7,5 mil quilômetros em vários estados. A CCR tem uma concessionária nessa lista, a CCR MSVia, que opera um trecho da BR-163 em Mato Grosso do Sul. Camargo evitou comentar o processo de renegociação.
Fonte: O GLOBO
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