Estudantes de outra instituição foram até o Galois, colégio de elite na capital federal, para disputar partida da competição escolar, mas acabaram ouvindo ofensas como 'macaco e pobrinho'
Representada pela diretora Inês Alves Lourenço, a Escola Franciscana publicou, na última quarta-feira, uma nota de repúdio na qual denuncia que seus estudantes foram vítimas de "preconceito social" e "injúria racial" e relata que não houve qualquer intervenção por parte dos árbitros da partida ou de responsáveis do Galois diante da situação. Os ataques, pontua o texto, tornaram "o ambiente inóspito" e deixou "alunos abalados".
"Importantes destacar que os alunos 'agressores' encontravam-se em sua maioria uniformizados, ou seja, estavam sob a guarda e responsabilidade do Colégio Galois, que, neste caso, mostrou-se conivente com a situação humilhante e vexatória vivda pelos alunos da Escola Fátima", prossegue a nota, frisando que a "falta de intervenção eficaz" é "igualmente preocupante".
Orientador educacional e professor de futsal da Escola Franciscana, Carlos de Souza Maia decidiu que o seu time não se retiraria de quadra mesmo diante das ofensas, classificado por ele como "absurdo" e "inaceitável". O educador conta que foi difícil superar a revolta interior para priorizar os estudantes:
— A minha demanda é como professor. Por isso, tive que cuidar do sentimento de tristeza dos meus alunos, apesar de também ter ficado muito mal com a situação.
'Extrema seriedade'
Nesta sexta-feira, o Colégio Galois soltou um posicionamento oficial por meio do seu diretor Angel Pietro Andres. O texto afirma que já foi iniciada uma investigação rigorosa para apurar atos de "extrema seriedade e que precisam de uma intervenção imediata" e ressalta que a escola acredita na educação como um meio de "poderosa de transformação social", sobretudo "entre jovens."
"Solidarizamo-nos profundamente com os alunos e a comunidade da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima que se sentiram ofendidos e magoados. Entendemos que o ocorrido não só afetou esses alunos, mas também manchou o espírito de amizade e respeito que deve prevalecer em eventos educacionais e esportivos", sustentam os responsáveis pelo Galois.
Na última quinta, Carlos, acompanhado do advogado e vice-diretor da Escola Franciscana, esteve na 1ª DP de Brasília para relatar o episódio. Eles foram aconselhados a encaminhar a demanda para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). O professor, no entanto, pontua que a postura da escola não é no sentido de buscar punição, mas sim de cobrar medidas educacionais para que as crianças e adolescentes entendam a gravidade de quaisquer atos discriminatórios.
(estagiário sob supervisão de Luã Marinatto)
Fonte: O GLOBO
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