Pastor da Universal, Rogério Cruz foi convidado a deixar a sigla de Marcos Pereira; ao GLOBO, ele diz que ida para o Solidariedade era desejo antigo e que terá antigos correligionários no palanque
Articuladores do Republicanos apontam que o partido não queria repetir o "efeito Crivella", em alusão ao ex-prefeito do Rio e deputado federal Marcelo Crivella, que terminou não reeleito em 2020 após uma gestão com falhas na capital fluminense. Além da má avaliação em comum, Cruz também é natural do Rio de Janeiro e pastor licenciado da igreja Universal.
O desgaste entre o prefeito e o Republicanos remonta a 2022, quando Cruz lançou sua esposa como deputada estadual, a contragosto dos dirigentes partidários. A primeira-dama Thelma Cruz não foi eleita, enquanto as mulheres dos prefeitos de Anápolis e Rio Sul conquistaram cadeiras na Assembleia Legislativa.
Ao GLOBO, o prefeito afirma que a escolha de deixar o partido partiu dele. O gestor diz ainda que conta com o apoio das duas siglas, Republicanos e Solidariedade, além do Avante, PDT e PP:
— A saída foi tranquila, não houve um motivo específico. Foi um processo natural, vínhamos estudando isso há um tempo para achar um espaço mais garantido para poder trabalhar. O Solidariedade já estava conosco, e o Republicanos seguirá com a gente na reeleição — prevê.
A versão do prefeito é chancelada pela presidente municipal do Republicanos, a vereadora Sabrina Garcêz.
— Republicanos segue sendo base do prefeito, que escolheu sair do partido — pontua.
Apesar das rusgas, Cruz tem uma base consolidada na Câmara Municipal, com 29 dos 35 vereadores, o que lhe possibilitou aprovar um empréstimo milionário no final do ano passado. Segundo seus opositores, ele obteve tal êxito a partir da distribuição de cargos.
É o que diz Aava Santiago (PSDB), vereadora natural de Santíssimo, na Zona Oeste do Rio, mas que vive em Goiânia desde sua pré-adolescência, quando seu primo foi assassinado na porta da Assembleia de Deus:
— Rogério Cruz tem uma pauta conservadora assim como Crivella. Ocorreu uma intensa criminalização das rodas de samba, enquanto os eventos bilionários do sertanejo seguiram a todo vapor. Ele está crivelizando Goiânia. É um conjunto que envolve negligência, incapacidade e má vontade política.
Nem a filiação de Cruz ao Solidariedade, porém, é garantia de apoio sólido na disputa pela reeleição. O partido compõe a base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que já anunciou a opção pelo empresário e correligionário Sandro Mabel.
— Mabel tem ao seu lado o MDB, que pode angariar apoio para ele. Rogério Cruz não teve habilidade para se consolidar como liderança, não tem nenhuma grande marca e ainda enfrenta sérios problemas como o lixo, que está em todo lugar — avalia o cientista político Dijaci Oliveira, da Universidade Federal de Goiás.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários