Nadadores chineses, campeões em Tóquio, teriam testado positivo antes dos Jogos mas não foram punidos

Pequim classificou nesta segunda-feira como "notícia falsa" os relatos de que 23 nadadores chineses testaram positivo em um exame antidoping antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021.

"Estas são notícias falsas que não correspondem à realidade", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

O mundo do esporte está abalado desde o final de semana pela notícia de que vários nadadores chineses testaram positivo para trimetazidina, uma substância proibida por melhorar a circulação sanguínea.

Treze dos nadadores que testaram positivo puderam competir em Tóquio depois que a autoridade mundial antidoping aceitou uma investigação da China que alegava que os atletas ingeriram a substância acidentalmente devido a contaminação alimentar.

Vários nadadores ganharam medalhas na competição, incluindo uma de ouro, e muitos deles irão competir nos Jogos Olímpicos de Paris.

Impossível refutar a contaminação

Em um comunicado publicado neste sábado, a WADA deu explicações sobre a maneira de que procedeu. Devido às restrições da época relacionadas com a pandemia de covid-19, os seus investigadores não puderam viajar.

No entanto, foram consultados peritos independentes para testar a hipótese de contaminação apresentada pela CHINADA. A WADA chegou à conclusão de que "não estava em condições de refutar a possibilidade de contaminação como fonte de trimetazidina".

Consequentemente, nenhuma negligência ou culpa foi atribuída aos atletas. A WADA considerou, portanto, que não havia justificativa para apresentar um recurso.

Em 2022, a Agência Internacional de Análise (ITA) levantou questões relativas à alteração de amostras de trimetazidina. "Foi revisado de forma independente pelo departamento de 'Investigação e Informação' da WADA, que concluiu que os processos apropriados foram realizados e que não havia evidências de um ato repreensível", explicou a WADA.

Este caso levou a um confronto através de comunicados de imprensa cruzados entre o chefe da Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), Travis Tygart, e a WADA.

Tygart acusou a WADA e a CHINADA de terem varrido "os testes positivos para debaixo do tapete", aludindo a "erros flagrantes".

Acusações "motivadas politicamente" para "enfraquecer o trabalho da WADA", reagiu a agência com sede em Montreal, lembrando que no passado aceitou conclusões semelhantes às da USADA em casos de contaminação de atletas norte-americanos.

Para Tygart, a trimetazidina não se enquadra na categoria de produtos dopantes que podem proceder de uma contaminação. Lembra ainda que nos casos anteriores comprovados de contaminação, a USADA "havia suspendido provisoriamente os atletas, constatado uma violação das regras antidoping e publicado um comunicado", o que não aconteceu com os nadadores chineses.

No passado, ocorreram vários escândalos de doping que afetaram a natação chinesa. Nos Jogos Asiáticos de 1994, sete nadadores chineses testaram positivo para esteroides.

Em 1998, a nadadora Yuan Yuan foi banida depois que a alfândega australiana detectou grandes quantidades de hormônio do crescimento em sua bagagem durante o Mundial em Perth.

O superastro da natação Sun Yang, tricampeão olímpico e 11 vezes campeão mundial, está suspenso desde fevereiro de 2020 por quatro anos e três meses, depois de destruir com um martelo uma amostra de sangue colhida durante um teste antidoping surpresa feito em seu domicílio em setembro de 2018.


Fonte: O GLOBO