Adversários de Sergio Moro (União Brasil-PR) pretendem acompanhar com atenção o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode levar à cassação do mandato do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC).
A leitura de inimigos de Moro é a de que a ação contra Seif servirá de “termômetro” para o julgamento do juiz da Lava-Jato no tribunal, que deve receber nas próximas semanas um recurso contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que o absolveu.
Primeiro porque vai mostrar a disposição do TSE de cassar um senador de perfil conservador, campeão de votos na região Sul, tradicional reduto bolsonarista.
E depois porque poderá indicar a que tipo de argumentos os ministros são mais sensíveis, mesmo os dois casos tendo histórias diferentes, uma vez que pesa contra ambos a acusação de terem cometido o mesmo ilícito eleitoral: abuso de poder econômico no pleito de 2022.
A ideia dos estrategistas do PT é monitorar o julgamento de Seif e mapear as falas dos ministros que venham a se posicionar pela cassação do senador catarinense.
O objetivo é aproveitar as eventuais declarações de ministros do TSE contra Seif para reforçar o pedido de cassação contra Moro para reforçar os argumentos contra o ex-juiz federal da Lava-Jato.
O julgamento de Seif estava previsto para ser retomado na última terça-feira (16), mas foi adiado devido à ausência do relator, Floriano Azevedo, e ainda não foi remarcado. Até agora, ninguém votou.
Conforme revelou o blog, Azevedo já compartilhou com os colegas o voto em que defende a cassação do mandato de Seif e a convocação de novas eleições para definir quem fica com a vaga.
A expectativa é a de que o caso divida o plenário do TSE e exponha as divisões internas da Corte, opondo de um lado a ala mais alinhada ao ministro Alexandre de Moraes, e de outro, o “bloco conservador”, formado pelos ministros Kassio Nunes Marques, Raul Araújo e Isabel Gallotti.
Os adversários de Moro contam com a análise do caso Seif para ajudar a construir um consenso entre essas duas alas. Para eles, as diferenças entre os dois casos podem ajudar a identificar os pontos que mais têm apelo entre os ministros do TSE para levar a uma cassação.
No caso Moro, o PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro alegam que o volume de recursos despejado em sua fracassada pré-campanha à Presidência da República lhe deram uma exposição pública e vantagem indevida que acabou desequilibrando a disputa a seu favor na disputa pela vaga de senador do Paraná.
Já Seif é acusado pela coligação do ex-governador Raimundo Colombo (PSD) de usar a frota aérea da rede varejista Havan, do empresário Luciano Hang, além de sua equipe de funcionários, mobilizando a estrutura da empresa para alavancar a sua candidatura.
Ou seja, enquanto o caso Seif gira em torno de recursos privados – o papel da Havan em sua candidatura –, as ações contra Moro tratam do uso de recursos públicos do Fundo Partidário para alavancar a sua candidatura ao Palácio do Planalto.
As diferenças não terminam aí. Seif saiu vitorioso do pleito de 2022 com 1,48 milhão de votos, o equivalente a 39,79% dos votos válidos de Santa Catarina e mais do que a soma das votações do segundo colocado, Colombo (608 mil) e do terceiro, o ex-senador Dário Berger (605 mil).
Moro, por outro lado, teve uma eleição bem mais difícil no Paraná, com 1,95 milhão de votos (33,5%), apenas 250 mil votos a mais que o segundo colocado, Paulo Eduardo Martins (PL), que obteve 1,7 milhão de votos (29,12%). A pequena vantagem de Moro é um dos argumentos usados pelos rivais para justificar a sua cassação, sob a alegação de que, numa corrida tão disputada, o ex-juiz acabou favorecido pelos recursos despejados em sua pré-campanha presidencial.
Na semana passada, Moro foi absolvido por 5 a 2 pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), mas o PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro devem entrar com recursos, levando o caso ao TSE, a quem caberá definir pela perda de mandato e a convocação de novas eleições.
Fonte: O GLOBO
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