Intenção do prefeito de São Paulo seria evitar rachas no grupo que apoia a reeleição

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), deve adiar ao máximo a escolha do candidato a vice em sua chapa. De acordo com aliados, a intenção é preservar a unidade entre os partidos que apoiam a reeleição e evitar possíveis dissensões ou até mesmo rupturas no grupo.

Na última segunda-feira, Nunes reuniu representantes de nove partidos em um jantar para consolidar a frente ampla em torno de sua campanha à reeleição. Entre os presentes estavam os dirigentes de partidos como PL (Valdemar Costa Neto), Republicanos (Marcos Pereira), PSD (Gilberto Kassab), MDB (Baleia Rossi) e União Brasil (Antonio Rueda), além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-governador paulista Rodrigo Garcia e do ex-presidente Michel Temer.

No encontro, não se falou sobre a vice, cobiçada por partidos como o PL, Republicanos e União Brasil. Só no PL despontam três nomes. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou no início do ano o coronel aposentado da PM, Ricardo Mello Araújo, mas a sua escolha é considerada improvável.

O diretório municipal do PL, por sua vez, tem defendido a recém-filiada vereadora Rute Costa como uma opção. A parlamentar é filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Assembleia de Deus em São Paulo. Uma terceira alternativa, que ganhou força recentemente, é a vereadora Sonaira Fernandes, que deixou o Republicanos a pedido de Bolsonaro para se filiar ao PL durante a janela partidária.

Conta a seu favor o fato de ser próxima da família Bolsonaro, ter sido secretária de Políticas para Mulheres do governo Tarcísio e, além disso, ter proximidade com a primeira-dama da capital, Regina Nunes.

No Republicanos, o deputado estadual Tomé Abduch é citado como uma possibilidade, apesar de enfrentar oposição de Tarcísio. Já o secretário municipal de Relações Internacionais de São Paulo, Aldo Rebelo, é a escolha favorita de Nunes. No entanto, sua decisão de se filiar ao MDB durante a janela partidária reduziu suas chances de ser escolhido como vice. O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, já se colocou à disposição do prefeito pelo União Brasil.

A avaliação do entorno de Nunes é que essa decisão deve ser postergada pelo menos até o fim de junho ou começo de julho, justamente para evitar um mal-estar antecipado com os partidos que vão compor a coligação. Os aliados do prefeito também argumentam que quanto melhor for o seu desempenho nas pesquisas, maior será a sua liberdade para escolher o próprio vice.

O clima do jantar na casa do ex-senador Luiz Pastore foi de otimismo em relação à vitória de Nunes, que em pesquisas internas feitas pela campanha já aparece numericamente à frente de Guilherme Boulos (PSOL), seu principal adversário. No último levantamento do Datafolha, de março, os dois estão tecnicamente empatados: o líder sem-teto soma 30% das intenções de votos e Nunes, 29%.

— O jantar de ontem consolidou a frente ampla em São Paulo, frente que concilia diferentes visões políticas, estabelece consensos e firma compromissos em favor da cidade. Em comum, temos todos o mesmo objetivo: reeleger o prefeito Ricardo Nunes — disse Enrico Misasi, presidente do diretório municipal do MDB de São Paulo.

O apoio de Bolsonaro a Nunes foi mencionado por alguns políticos presentes, como Rodrigo Garcia e Tarcísio. Não houve, porém, uma discussão sobre qual será o papel do ex-presidente na campanha.

O governador de São Paulo fez um discurso de olho no futuro, ressaltando a importância estratégica da eleição da capital para a disputa de 2026. Durante sua fala, Tarcísio criticou o governo Lula, argumentando que o "desastre econômico" está posto.

Um dos dirigentes afirmou ao GLOBO que Nunes fez uma espécie de "prestação de contas" aos aliados e elencou algumas medidas que tem tomado na prefeitura que podem ajudá-lo na reeleição, como o asfaltamento de ruas e avenidas da capital. "A quantidade de asfalto daria para você sair de São Paulo e ir até Macapá", repetiu esse participante o que teria dito o prefeito.

O governador de São Paulo fez um discurso de olho no futuro, ressaltando a importância estratégica da eleição da capital para a disputa de 2026. Durante sua fala, Tarcísio criticou o governo Lula, argumentando que o "desastre econômico" está posto, e disse que o PT deve apostar todas as suas fichas na eleição municipal de São Paulo.

O governo Lula também foi abordado. Os participantes analisaram pesquisas recentes mostrando a crescente desaprovação do presidente na capital paulista e atribuíram a esse movimento uma eventual subida de Nunes nas sondagens eleitorais. Para eles, a queda na aprovação do governo federal afetará diretamente a candidatura de Boulos, cujo padrinho é Lula.


Fonte: O GLOBO