Pulverização dos votos conservadores é endossada por clã Bolsonaro e pelo governador Cláudio Castro

Apesar de ter a pré-candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem, o PL estimula que outros nomes alinhados à direita participem da eleição do Rio. Endossado pelo clã Bolsonaro e pelo governador Cláudio Castro, o cálculo reside em evitar a possibilidade de que o prefeito Eduardo Paes (PSD) vença a disputa no primeiro turno.

Os nomes incentivados pelo PL são o deputado federal Marcelo Queiroz (PP), mais ao centro, e o estadual Rodrigo Amorim (União), à direita. Queiroz, como o GLOBO mostrou, construiu sua pré-candidatura com o aval de Castro, de quem foi secretário. Amorim, por sua vez, é estimulado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, que preside o União Brasil no estado.

Nas últimas semanas, Amorim teve conversas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e o próprio Ramagem sobre a ideia de se candidatar. Não só recebeu o aval, como ouviu a tese de que interessa ao PL que se crie uma nova opção de enfrentamento a Paes. Além da fragmentação, o deputado é visto como alguém com potencial para “desestabilizar” o prefeito durante a campanha.

Paes é considerado favorito, mas o discurso na direita é que seu eleitorado é volátil. O entendimento se baseia em duas leituras. A primeira é de que, nas pesquisas internas sobre avaliação do governo, Paes tem mais “regular” que “ótimo e bom”. A segunda é de que a possibilidade de largar o eventual segundo mandato no meio para concorrer ao governo do estado em 2026 afugenta parte dos votos.

Na vitória eleitoral de 2020 — quando, assim como agora, dispunha de amplo favoritismo —, Paes precisou enfrentar o segundo turno contra o então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Ali, a fragmentação também atrapalhou os planos de resolver o jogo na primeira rodada, mas sobretudo por causa da esquerda.

Além da candidatura do PSOL, com Renata Souza, que teve 3,2%, Benedita da Silva (PT) e Martha Rocha (PDT) receberam 11,3% dos votos cada. Somadas, as três concentraram mais de um quarto do eleitorado. Para 2024, o prefeito vem neutralizando o campo da esquerda, que só deve ter o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) na disputa.

O cálculo do União Brasil

Partido de Rodrigo Amorim, o União Brasil ainda é cortejado por Paes, que tem recorrido a conversas com o diretório nacional. No âmbito estadual, Rodrigo Bacellar impõe resistência por um motivo que lhe é diretamente caro: a eleição de 2026. Assim como o prefeito, o presidente da Alerj tem interesse em disputar o governo estadual e não considera positivo fortalecer agora um potencial adversário.

— Se o União apoiar o Paes, mesmo que tenha um vice que faça sentido para o partido, eu saio na hora, bato na porta do PL e vou ser cabo eleitoral do Ramagem — diz Amorim.


Fonte: O GLOBO