Às vésperas do julgamento de uma ação que apura suspeitas de abuso de poder econômico em sua campanha de 2022, o senador Jorge Seif (PL-SC) tem mobilizado aliados para tentar impedir a cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A análise do caso será retomada na próxima terça-feira (16) com o voto do relator, Floriano Azevedo. Até agora, nenhum ministro se posicionou.
A ação acusa Seif de abuso de poder econômico por usar a frota aérea da varejista Havan de Luciano Hang, além de sua equipe de funcionários, mobilizando a estrutura da empresa para alavancar a sua candidatura.
Nos últimos dias, segundo relatos obtidos pela equipe da coluna, Seif não só procurou senadores para pedir apoio como pediu aos colegas de parlamento para convencer ministros da corte eleitoral a votar contra sua cassação.
Os parlamentares estão também buscando ministros de outras cortes e interlocutores dos integrantes do TSE, saindo em defesa de Seif, rechaçando as acusações e alegando que a ação contra ele é uma “injustiça”.
Um dos argumentos que Seif e seus aliados tem usado é que o tribunal comandado por Alexandre de Moraes cassar o campeão de votos de Santa Catarina e integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro poderia ter efeitos políticos imprevisíveis.
A rede de apoios do senador bolsonarista conta com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu provável sucessor no comando da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Ciro Nogueira (PP-PI), Tereza Cristina (PP-MS) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Adversários de Seif, por outro lado, veem na ofensiva um “gesto de desespero” do senador catarinense, que estaria recorrendo aos “interesses corporativistas” e ao instinto de sobrevivência dos parlamentares para transformar o julgamento numa questão política, e não jurídica.
O processo que será julgado pelo TSE é movido pela Coligação Bora Trabalhar, formada pelo Patriota, PSD e União Brasil de Santa Catarina, que lançou em 2022 a fracassada candidatura do ex-governador Raimundo Colombo (PSD) para o Senado.
Em novembro do ano passado, ele foi absolvido por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), que concluiu não haver provas suficientes para caracterizar o abuso de poder econômico – mas a equipe da coluna apurou que o cenário para Seif será mais difícil no TSE.
Se a maioria dos ministros do TSE decidir pela cassação do senador, novas eleições terão de ser convocadas para definir quem vai ficar no seu lugar, embora os aliados de Colombo esperem emplacar a tese de que ele, que foi o segundo colocado, deveria assumir o cargo.
“Não se pode cassar mandato popular com base em narrativa, em mentiras. A classe política está me ajudando muito, bati em muitas portas e eles estão sensibilizados e muitos tomaram a iniciativa de não só se sensibilizarem, mas se mobilizarem para que seja um julgamento com base em fatos, em provas e não qualquer outra coisa. Respeito e confio em nossas instituições e na Justiça”, disse Seif à equipe da coluna.
Seif saiu do pleito de 2022 com 1,48 milhão de votos, o equivalente a 39,79% dos votos válidos de Santa Catarina e mais do que a soma das votações do segundo colocado, Colombo (608 mil) e do terceiro, o ex-senador Dário Berger (605 mil).
Fonte: O GLOBO
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