Oposição russa no exílio marcou data com críticas ao mandatário, acusado pelo Ocidente de minar a democracia no país
— É uma grande honra, uma responsabilidade e um dever sagrado — disse o presidente, que agradeceu aos "heróis" que lutam na linha da frente na Ucrânia desde fevereiro de 2022. —Atravessaremos este período difícil com dignidade e sairemos mais fortes.
Putin foi reeleito em março, com 87% dos votos, em um pleito amplamente questionado pelo Ocidente, por não garantir a participação dos principais nomes da oposição, além de outras medidas que minaram a concorrência. Apesar disso, o líder russo conquistou dez pontos percentuais a mais do que em 2018, em uma votação que durou três dias e contou com comparecimento recorde de 74,22%, segundo a Comissão Eleitoral Central (CEC).
Em um momento de em que as tensões com as potências ocidentais aumentam devido ao apoio à Ucrânia, Putin assegurou que a Rússia não recusa o diálogo com outros membros da comunidade internacional, mas disse jogou a responsabilidade para outros interlocutores: "depende deles". Na segunda-feira, o presidente ordenou exercícios nucleares em resposta ao que chamou de declarações ameaçadoras de líderes ocidentais sobre um possível envio de tropas para a Ucrânia.
Vladimir Putin é o líder mais longevo da Rússia, desde o fim da União Soviética — Foto: Artem Geodakyan/AFP
— Somos uma nação grande e unida e juntos vamos superar todos os obstáculos, vamos concretizar tudo o que foi planejado. Juntos, venceremos — disse Putin, encerrando o discurso, antes de se dirigir a uma cerimônia religiosa liderada pelo patriarca Cyril, líder da Igreja Ortodoxa russa e um grande apoio ao seu governo.
Líder mais longevo da história russa desde o fim da União Soviética, há 25 anos no poder, Putin continuará a frente do Kremlin até 2030. Em razão de uma reforma constitucional que ele mesmo aprovou, em 2020, ele poderá concorrer a outro mandato, o que o manteria no poder até 2036.
A posse ocorre dois dias depois do aniversário da vitória soviética contra a Alemanha nazista, em 9 de maio, data que voltou a ganhar relevância desde o início da ofensiva contra a Ucrânia, que Putin compara à luta contra o Terceiro Reich na Segunda Guerra Mundial. A cerimônia também coincide com um momento mais favorável no front para o Exército russo, após sofrer derrotas ao longo de 2022, nos primeiros meses do conflito.
As tropas russas intensificaram a ofensiva no leste da Ucrânia e tomaram várias cidades ao redor da de Avdiivka, que conseguiram controlar em meados de fevereiro, após uma árdua batalha que durou meses.
As Forças Armadas ucranianas enfrentam uma escassez de munições e o desgaste das suas tropas após a ofensiva malsucedida em meados de 2023 e o atraso na chegada da ajuda das potências ocidentais. Ao mesmo tempo, a indústria de defesa russa trabalha a todo vapor para fornecer material ao front.
'Mentiroso, ladrão, assassino'
A oposição russa no exílio reagiu ao início do quinto mandato do presidente russo. Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny, acusou o presidente de ser "mentiroso, ladrão, assassino", em um vídeo publicado nas redes sociais.
— Nosso país é governado por um mentiroso, um ladrão, um assassino. Mas isto, sem dúvida, acabará — disse Navalnaya, cujo marido, o principal opositor do Kremlin, morreu em fevereiro em uma penitenciária isolada da região do Ártico. — [Com Putin] no comando, nosso país não terá nem paz, nem desenvolvimento, nem liberdade.
Navalnaya, os seus seguidores e vários líderes estrangeiros acusaram o presidente russo pelo assassinato de Alexei Navalny, que cumpria uma longa pena de prisão por "extremismo". O Kremlin nega as acusações.
— Em cada um dos seus mandatos, a situação só piora e é assustador imaginar o que acontecerá enquanto Putin permanecer no poder — completou, antes de citar "centenas de presos políticos na Rússia que enfrentam condições desumanas". (Com AFP)
Fonte: O GLOBO
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