Os avós paternos foram avaliados e aprovados pelo Conselho Tutelar para cuidar da menina de dois anos provisoriamente
A avó paterna da menina de dois anos, que tem paralisia cerebral e supostamente sofria maus-tratos dos pais, afirmou em depoimento à Polícia Civil de Goiás que foi proibida pelo filho, Igor Viana, de ver a neta após dizer que não concordava com a atitude dele nas redes sociais. Segundo as investigações, a avó paterna sabia da "estratégia digital" de Igor — baseada em mentiras e brigas falsas com a ex, Ana Santi, mãe da criança — para conseguir mais doações para a filha.
Nesta terça-feira, o Conselho Tutelar de Anápolis encaminhou a menina Sophia para a casa dos avós paternos após Ana e o pai da criança, Igor Viana, de 24 anos, serem denunciados por maus-tratos. Ao saberem o filho era alvo da polícia, os pais de Igor, que agora cuidam da menina, ficaram em choque e revelaram que tudo era calculado para conseguir mais recursos dos seguidores, a quem ele chamou de "trouxas" em diversas publicações.
Segundo afirmou ao GLOBO a delegada Aline Cardoso, responsável pelo caso em Anápolis, a avó afirmou que Igor justificava produzir esse tipo de “conteúdo agressivo” para gerar mais renda para o tratamento da criança, e que acreditava que ele cuidava bem dela dentro de casa.
— Ela afirmou que questionava os filhos sobre as postagens, que não concordava com aquilo tudo. Mas segundo a avó, Igor justificava que aquilo era “só um show” para atrair mais seguidores, e que atrás das redes, ela imaginava que ele cuidava bem da menina — disse a delegada.
Segundo o Conselho Tutelar, o órgão decidiu usar da medida protetiva para resguardar a criança de quem perpetrava os abusos. Os pais foram comunicados que não podem se aproximar da Sofia até que o caso seja analisado por um juiz. Os avós paternos foram avaliados e aprovados pelo Conselho Tutelar para ficar com a menina provisoriamente.
— A avó também tinha uma conta das redes sociais onde ela mostrava a evolução do quadro da Sofia. O conteúdo não era problemático, não havia agressões, mas ela foi orientada que não pode usar a imagem da Sofia nas redes. Estamos enviando o relatório para Justiça com todo o material recolhido, para que o juiz analise o caso e decida o futuro da menina — afirmou ao GLOBO Grazielle Ramos, do Conselho Tutelar de Anápolis.
Durante as ações do Conselho Tutelar, o influenciador tentou impedir a ação dos agentes, ensaiou uma fuga com a criança e foi necessário chamar a Polícia Militar para auxiliar na operação. Na tentativa de convencer os conselheiros de que poderia ficar com a criança, Igor usou “artimanhas de influenciador” e chegou ao ponto de imitar a criança com gestos e caretas.
— A mãe não tem nenhum trabalho fixo, afirmou que se fosse celetista, não conseguiria arcar com as despesas da menina. Questionei sobre como ela mantém as despesas dela, e ela respondeu que seria com o dinheiro que eles receberiam das doações. Tudo isso será investigado pela Civil. Sobre a menina, ela continua na casa dos avós paternos, que estão dando continuidade ao tratamento e levando nas sessões de fisioterapia e fono — contou Grazielle Ramos.
Desvio de doações
A polícia recebeu algumas denúncias que indicam que os pais podem ter usado os recursos pedidos nas redes sociais para bens próprios. Além de procedimentos estéticos, o casal também teria arrecadado dinheiro para uma geladeira que, posteriormente, foi doada para eles. Apesar disso, não houve devolução dos recursos ou prestação de contas.
— Houve denúncias nesse sentido. A mãe foi ouvida, e nega essa informação. Afirma que só fez um procedimento, por parceria. Eles também teriam ganhado uma geladeira de uma seguidora e não publicaram isso. Ficaram com o dinheiro, falando que compraram a geladeira, quando na verdade ganharam uma. Outras pessoas serão ouvidas hoje a fim de esclarecermos esse e outros pontos. O intuito era sempre arrecadar mais e mais, mesmo que fosse enganando os seguidores — afirmou ao GLOBO a delegada Aline Cardoso, responsável pelo caso em Anápolis.
Segundo a delegada, embora o casal negue as acusações — ela em depoimento, e ele em entrevista — há muitos pontos que depõem contra Igor e Ana. Em um dos vídeos investigados, Igor chama a filha de inútil após pedir que ela vá ao mercado. Essa foi uma das frases que viralizaram e chegaram até a Polícia Civil de Goiás, que também recebeu denúncias de que a menina não estaria sendo bem cuidada, estava sendo negligenciada e não possuía condições de higiene.
Em posicionamento sobre o caso, Igor disse que não era "obrigado" a usar o dinheiro que os doadores enviaram à filha. "Eu também tenho necessidade de serem supridas. Também sou um ser humano", afirmou.
— O principal é o fato de que eles afirmam terem feito um acordo, para produção de um conteúdo que gerasse mais engajamento, e consequentemente maior monetização, mesmo às custas do constrangimento da filha. Os dois simulavam brigas na internet, muitas vezes na presença da filha, para chamar a atenção — disse a delegada.
O início das investigações
A investigação começou na última quinta-feira (20), em Anápolis, após denúncias de que a menina estava sendo negligenciada. Em vídeos nas redes, o pai compartilhava a rotina da filha com deboche e ironia sobre a paralisia cerebral. Em um dos vídeos investigados, ele chama a filha de inútil após pedir que ela vá ao mercado.
Igor passou a ser suspeito de maus-tratos e por causar constrangimento à criança. Mas novas denúncias continuaram chegando à polícia, alegando que o dinheiro doado pelos seguidores também era desviado para benefício dos pais.
Fonte: O GLOBO
A avó paterna da menina de dois anos, que tem paralisia cerebral e supostamente sofria maus-tratos dos pais, afirmou em depoimento à Polícia Civil de Goiás que foi proibida pelo filho, Igor Viana, de ver a neta após dizer que não concordava com a atitude dele nas redes sociais. Segundo as investigações, a avó paterna sabia da "estratégia digital" de Igor — baseada em mentiras e brigas falsas com a ex, Ana Santi, mãe da criança — para conseguir mais doações para a filha.
Nesta terça-feira, o Conselho Tutelar de Anápolis encaminhou a menina Sophia para a casa dos avós paternos após Ana e o pai da criança, Igor Viana, de 24 anos, serem denunciados por maus-tratos. Ao saberem o filho era alvo da polícia, os pais de Igor, que agora cuidam da menina, ficaram em choque e revelaram que tudo era calculado para conseguir mais recursos dos seguidores, a quem ele chamou de "trouxas" em diversas publicações.
Segundo afirmou ao GLOBO a delegada Aline Cardoso, responsável pelo caso em Anápolis, a avó afirmou que Igor justificava produzir esse tipo de “conteúdo agressivo” para gerar mais renda para o tratamento da criança, e que acreditava que ele cuidava bem dela dentro de casa.
— Ela afirmou que questionava os filhos sobre as postagens, que não concordava com aquilo tudo. Mas segundo a avó, Igor justificava que aquilo era “só um show” para atrair mais seguidores, e que atrás das redes, ela imaginava que ele cuidava bem da menina — disse a delegada.
Segundo o Conselho Tutelar, o órgão decidiu usar da medida protetiva para resguardar a criança de quem perpetrava os abusos. Os pais foram comunicados que não podem se aproximar da Sofia até que o caso seja analisado por um juiz. Os avós paternos foram avaliados e aprovados pelo Conselho Tutelar para ficar com a menina provisoriamente.
— A avó também tinha uma conta das redes sociais onde ela mostrava a evolução do quadro da Sofia. O conteúdo não era problemático, não havia agressões, mas ela foi orientada que não pode usar a imagem da Sofia nas redes. Estamos enviando o relatório para Justiça com todo o material recolhido, para que o juiz analise o caso e decida o futuro da menina — afirmou ao GLOBO Grazielle Ramos, do Conselho Tutelar de Anápolis.
Durante as ações do Conselho Tutelar, o influenciador tentou impedir a ação dos agentes, ensaiou uma fuga com a criança e foi necessário chamar a Polícia Militar para auxiliar na operação. Na tentativa de convencer os conselheiros de que poderia ficar com a criança, Igor usou “artimanhas de influenciador” e chegou ao ponto de imitar a criança com gestos e caretas.
— A mãe não tem nenhum trabalho fixo, afirmou que se fosse celetista, não conseguiria arcar com as despesas da menina. Questionei sobre como ela mantém as despesas dela, e ela respondeu que seria com o dinheiro que eles receberiam das doações. Tudo isso será investigado pela Civil. Sobre a menina, ela continua na casa dos avós paternos, que estão dando continuidade ao tratamento e levando nas sessões de fisioterapia e fono — contou Grazielle Ramos.
Desvio de doações
A polícia recebeu algumas denúncias que indicam que os pais podem ter usado os recursos pedidos nas redes sociais para bens próprios. Além de procedimentos estéticos, o casal também teria arrecadado dinheiro para uma geladeira que, posteriormente, foi doada para eles. Apesar disso, não houve devolução dos recursos ou prestação de contas.
— Houve denúncias nesse sentido. A mãe foi ouvida, e nega essa informação. Afirma que só fez um procedimento, por parceria. Eles também teriam ganhado uma geladeira de uma seguidora e não publicaram isso. Ficaram com o dinheiro, falando que compraram a geladeira, quando na verdade ganharam uma. Outras pessoas serão ouvidas hoje a fim de esclarecermos esse e outros pontos. O intuito era sempre arrecadar mais e mais, mesmo que fosse enganando os seguidores — afirmou ao GLOBO a delegada Aline Cardoso, responsável pelo caso em Anápolis.
Segundo a delegada, embora o casal negue as acusações — ela em depoimento, e ele em entrevista — há muitos pontos que depõem contra Igor e Ana. Em um dos vídeos investigados, Igor chama a filha de inútil após pedir que ela vá ao mercado. Essa foi uma das frases que viralizaram e chegaram até a Polícia Civil de Goiás, que também recebeu denúncias de que a menina não estaria sendo bem cuidada, estava sendo negligenciada e não possuía condições de higiene.
Em posicionamento sobre o caso, Igor disse que não era "obrigado" a usar o dinheiro que os doadores enviaram à filha. "Eu também tenho necessidade de serem supridas. Também sou um ser humano", afirmou.
— O principal é o fato de que eles afirmam terem feito um acordo, para produção de um conteúdo que gerasse mais engajamento, e consequentemente maior monetização, mesmo às custas do constrangimento da filha. Os dois simulavam brigas na internet, muitas vezes na presença da filha, para chamar a atenção — disse a delegada.
O início das investigações
A investigação começou na última quinta-feira (20), em Anápolis, após denúncias de que a menina estava sendo negligenciada. Em vídeos nas redes, o pai compartilhava a rotina da filha com deboche e ironia sobre a paralisia cerebral. Em um dos vídeos investigados, ele chama a filha de inútil após pedir que ela vá ao mercado.
Igor passou a ser suspeito de maus-tratos e por causar constrangimento à criança. Mas novas denúncias continuaram chegando à polícia, alegando que o dinheiro doado pelos seguidores também era desviado para benefício dos pais.
Fonte: O GLOBO
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