Primeiro embate eleitoral nos EUA foi marcado por hesitação de democrata e mentiras de republicano

O presidente americano Joe Biden, de 81 anos, tinha a oportunidadede dissipar as dúvidas sobre seu estado físico para governar por mais quatro anos durante o primeiro debate eleitoral contra o republicano Donald Trump. Com a voz rouca, se repetindo com frequência e se perdendo em frases confusas, o mandatário desapontou até mesmo democratas e levou analistas a especularem sobre a abertura de um debate para uma possível troca de candidato do partido para o pleito.

Biden estava "lento no início, mas terminou forte", reconheceu sua vice-presidente, Kamala Harris. Em uma tentativa de diminuir as críticas à sua atuação, a equipe de campanha do democrata disse que ele estava resfriado.

O candidato à reeleição teve a chance de começar o debate com o pé direito, ao ser questionado sobre os dados econômicos do país. Mas o que chamou a atenção nas primeiras palavras do presidente não foram os argumentos, mas sim a voz fraca, quase hesitante (veja a partir de 00:31 do vídeo abaixo). Durante algumas vezes do debate, Biden tossiu e limpou a garganta (a partir de 3:33). A condição, segundo seu médico, Kevin O’Connor, é causada por refluxo ácido.

Ainda no começo do debate, Biden pareceu perder a linha de raciocínio. "Ele travou", dispararam oposicionistas, em mensagens e cortes de vídeo que viralizaram na web.

Enquanto falava da economia americana e da desigualdade de renda, o democrata começou a listar ações da Casa Branca durante a pandemia de Covid-19 e para a área da saúde, em geral, mas gaguejou, interrompeu a fala, e o seu tempo acabou, sem que conseguisse completar o comentário. 

Trump, que usa a idade e a saúde de seu oponente como arma de campanha, não escondeu um sorriso irônico nos momentos em que Biden mostrava dificuldades para falar.

— Eu realmente não entendi o que ele disse no final da frase, e acho que ele também não sabe o que ele disse — disse Trump, depois de nova hesitação do adversário quando falava de medidas para a imigração e segurança das fronteiras.

Biden chegou aos estúdios da rede CNN, que organizou o debate, diante de uma séria crise de confiança junto ao eleitorado, incluindo parte dos que votaram nele em 2020. Uma média das pesquisas nacionais, elaborada pelo site Real Clear Polling, mostra Trump com 46,6% das intenções de voto, contra 45,1% de Biden.

Um compilado elaborado pelo Washington Post dá vantagem a Trump em seis dos sete “estados pêndulo”, que não têm uma tendência histórica definida, e onde a vitória pode significar a mudança (ou permanência) para a Casa Branca: hoje, o republicano está à frente na Geórgia, Michigan, Arizona, Nevada, Carolina do Norte e Pensilvânia, enquanto Biden venceria apenas no Wisconsin. Há quatro anos, era Biden que triunfava em seis dos sete estados. Um bom desempenho era considerado crucial para a campanha do democrata.


Fonte: O GLOBO