Coalizão governista e bloco de esquerda anunciaram iniciativas para tentar 'conter danos'
As reações imediatas dos partidos foram diversas. Macron fez um apelo a uma “aliança ampla, claramente democrática”. Gabriel Attal, seu protegido e atual primeiro-ministro, anunciou que os candidatos do partido que ficaram em terceiro lugar sairiam do 2º turno para facilitar a disputa com o Reagrupamento Nacional — mesma medida anunciada pelo líder do França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que lidera a coalizão das forças de esquerda.
A tentativa de uma aliança — ou ao menos uma coordenação — eleitoral é a reprodução de uma estratégia que o professor de Relações Internacionais, David Magalhães, coordenador do Observatório da Extrema Direita comparou a um “cordão sanitário”.
— [Ao convocar eleições antecipadas] Macron apostou em um sistema que funciona desde 2002, que foi quando o Jean-Marie Le Pen chegou ao 2º turno, contra o [Jacques] Chirac, e os partidos de esquerda e de centro fecharam uma coalizão para aniquilar qualquer chance da então Frente Nacional chegar ao poder.
O mesmo sistema de “cordão sanitário” funcionou em 2017 e 2022, mas já dava sinais de que iria se romper — disse Magalhães. — Isso forma um tipo de aliança entre o centro liberal de Macron e a esquerda, com vistas a tentar diminuir o impacto. Reverter é difícil, praticamente impossível. Mas talvez consiga diminuir o impacto. O que restou para as forças democráticas é evitar uma maioria absoluta dominada pelo Reagrupamento Nacional.
Marine Le Pen discursa após fim do primeiro turno das eleições legislativas na França — Foto: François Lo Presti/AFP
Ainda é cedo para especular se a estratégia funcionará desta vez. Um dos pontos de incerteza é a capacidade de Macron de realinhar o discurso, após um 1º turno em que atacou a esquerda e a extrema direita como iguais.
— A campanha que Macron fez foi muito dura — avaliou o cientista político Maurício Santoro, professor de Relações Internacionais da Uerj. — Ele usou a expressão 'guerra civil' para se referir à ameaça que essas outras forças representariam. O que ele vai ter que dizer agora ao eleitor é que ele exagerou, e que parte daquelas pessoas que ele disse que iam declarar uma guerra civil são aliados importantes contra o RN.
Em seus primeiros pronunciamentos, Le Pen e Bardella resumiram a disputa à ameaça de esquerda e ao Reagrupamento Nacional. A líder histórica do partido enfatizou que apenas uma vitória com maioria no parlamento interessaria — o que permite projetar uma estratégia de longo prazo, explicou ao GLOBO Magalhães.
— A sinalização de que não vão aceitar o cargo de premier em um governo que não seja de maioria é uma decisão pensando em 2027. Eles não querem ser governo, mas amarrados a outra coalizão que vai diminuir a margem de manobra deles, o que poderia diminuir o capital político até a próxima eleição presidencial, em 2027.
Fonte: O GLOBO
Marine Le Pen discursa após fim do primeiro turno das eleições legislativas na França — Foto: François Lo Presti/AFP
Ainda é cedo para especular se a estratégia funcionará desta vez. Um dos pontos de incerteza é a capacidade de Macron de realinhar o discurso, após um 1º turno em que atacou a esquerda e a extrema direita como iguais.
— A campanha que Macron fez foi muito dura — avaliou o cientista político Maurício Santoro, professor de Relações Internacionais da Uerj. — Ele usou a expressão 'guerra civil' para se referir à ameaça que essas outras forças representariam. O que ele vai ter que dizer agora ao eleitor é que ele exagerou, e que parte daquelas pessoas que ele disse que iam declarar uma guerra civil são aliados importantes contra o RN.
Em seus primeiros pronunciamentos, Le Pen e Bardella resumiram a disputa à ameaça de esquerda e ao Reagrupamento Nacional. A líder histórica do partido enfatizou que apenas uma vitória com maioria no parlamento interessaria — o que permite projetar uma estratégia de longo prazo, explicou ao GLOBO Magalhães.
— A sinalização de que não vão aceitar o cargo de premier em um governo que não seja de maioria é uma decisão pensando em 2027. Eles não querem ser governo, mas amarrados a outra coalizão que vai diminuir a margem de manobra deles, o que poderia diminuir o capital político até a próxima eleição presidencial, em 2027.
Fonte: O GLOBO
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