Ministro da Fazenda afirmou, depois de reunião da junta orçamentária, que Lula determinou uma redução de R$ 25,9 bilhões nas despesas obrigatórias de 2025 e que arcabouço fiscal será cumprido
O dólar comercial abriu em forte queda na manhã desta quinta-feira, cotado abaixo de R$ 5,50. O recuo ocorre após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter anunciado na noite desta quarta-feira, após o fechamento dos mercados, que o governo fará, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias para fechar o Orçamento de 2025.
Logo após a abertura das negociações, a moeda americana ficou em R$ 5,4913, com queda superior a 1%. O movimento de recuo não ocorre apenas no Brasil. No exterior, o dólar também cai frente a outras divisas, em um pregão com baixo volume de negócios devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos.
O anúncio de Haddad ocorreu no fim de um dia em que o presidente Lula mudou o tom de suas declarações. Após uma sucessão de entrevistas nas quais criticava a atuação do Banco Central (BC) e hesitava em expressar um compromisso mais firme com a redução de gastos, Lula afirmou, na manhã de quarta-feira, após encontro com Haddad no Alvorada, que "responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso fiscal desse governo desde 2003".
A guinada nas declarações de Lula interromperam uma sequência de altas no dólar, que fechou em queda de 1,71% na quarta-feira, cotado a R$ 5,56. Nesta semana, a moeda americana chegou a bater R$ 5,70.
Nas entrevistas que Lula concedeu a veículos de comunicação nas últimas semanas, o presidente afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tinha "viés político" e que não era correto que a presidência do BC fosse ocupada por uma pessoa indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro - a autonomia da instituição prevê que os mandatos do presidente da República e do presidente do órgão não sejam coincidentes.
A cruzada de Lula contra o BC tem como pano de fundo sua impaciência com a política de juros - que estão em 10,5% ao ano - e o diagnóstico interno de que, eleitoralmente, ele se beneficia junto a parcelas da população quando decide duelar com o mercado.
A avaliação entre auxiliares é que, apesar da irritação dos investidores, a maioria da população entende quando o petista associa os juros a problemas cotidianos. Uma série de pesquisas e levantamentos internos encomendados pelo governo também tem indicado que Lula ganha o debate da opinião pública quando bate na taxa de juros. O fato de ele repetir a mesma crítica se deve a uma intenção de “cristalizar” a narrativa.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários