Agência de classificação de risco aponta fragilidades na situação fiscal de economias do G7, que reúne as mais desenvolvidas do mundo, incluindo os EUA

O aumento implacável da dívida dos EUA e de outros países desenvolvidos foi destacado por duas empresas de classificação de risco, com alerta da S&P Global Ratings de que apenas uma forte pressão do mercado pode alterar a trajetória.

As duas análises de economias do G7 e outros pares intensificam o foco no endividamento em uma semana em que dois destes países passam por eleições turbulentas e depois que o Banco de Compensações Internacionais, conhecido como BIS na sigla em inglês, advertiu que os governos estão vulneráveis a uma perda brusca de confiança.

Em um relatório nesta quinta-feira, a S&P sugeriu que a perspectiva de que EUA, Itália e França consigam manter suas dívidas já elevadas nos níveis atuais é remota.

“Na fase atual de seus ciclos eleitorais, apenas um forte aumento das pressões de mercado poderia persuadir estes governos a implementar uma consolidação orçamental mais firme”, escreveram analistas liderados por Frank Gill. “Dito isso, uma deterioração acentuada das condições de financiamento também aumentaria a dimensão do ajuste fiscal necessário.”

A Scope Ratings apontou para a pressão que os juros mais elevados irão exercer sobre as posições fiscais dos três países e do Reino Unido – uma mudança que irá “aumentar os riscos para a sustentabilidade da dívida soberana”.

Ambos os relatórios chegam em um momento delicado, com o Reino Unido em plena eleição, Joe Biden sob pressão crescente para abandonar a corrida presidencial nos EUA e os franceses rumo às urnas no fim de semana.

No domingo, o BIS divulgou um relatório acompanhado de uma advertência do economista-chefe Claudio Borio de que a experiência do mercado mostra que “as coisas parecem sustentáveis até que de repente já não são mais”.

Os EUA, enquanto maior economia do mundo, continua a ser um ponto central de preocupação. Na terça-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que “o nível de dívida que temos não é insustentável, mas a trajetória em que estamos é insustentável”.

Gill, da S&P, destacou a falta de consenso nos EUA sobre a necessidade de contenção fiscal.

“Não há um apoio amplo e bipartidário a medidas proativas para reduzir significativamente os elevados déficits fiscais e restringir o aumento da dívida pública”, disse ele. “Isso afeta a solvência.”


Fonte: O GLOBO