Pré-candidato à prefeitura de São Paulo disse que vai 'até o fim' e que seguirá na disputa 'se ninguém encher o saco'

Com histórico de anúncios de candidaturas que nunca foram adiante, o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) afirmou ontem que desta vez sua intenção é “ir até o fim” na disputa à Prefeitura de São Paulo, mas avisou que seguirá com a sua candidatura “se ninguém encher o saco”. A declaração ocorreu durante entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” e ao portal Uol, em sua primeira sabatina como pré-candidato, o que não tinha feito em eleições anteriores.

Em outra sinalização de que pretende seguir na disputa, Datena contratou um marqueteiro e tem se reunido com o PSDB. O hoje tucano também marcou seu primeiro ato de pré-campanha para hoje, no Mercado Municipal da cidade. A agenda é o mais longe que o apresentador já chegou em uma pré-campanha.

— Até que eu faça parte do meio político e passe a ter confiança nos políticos de forma geral, vou continuar na expectativa de “ser ou não ser, eis a questão”. Minha intenção dessa vez é ir até o fim, desde que ninguém me encha o saco — afirmou o apresentador na entrevista de ontem.

Dentro do PSDB, o discurso oficial é o de que o apresentador está firme na decisão. Entretanto, há tucanos que ainda duvidam e se preocupam com o papel que o partido terá na eleição em seu berço político, caso haja a desistência aos 45 do segundo tempo. Em meio a essa preocupação, a sigla avalia antecipar a convenção, marcada para 3 de agosto — muito perto do prazo limite definido pela Lei Eleitoral, em 5 de agosto.

Para tucanos ouvidos pelo GLOBO, marcar a convenção o quanto antes impediria Datena de “ganhar tempo” até sua decisão sobre concorrer ou não, e o partido teria espaço para definir apoio ou compor uma chapa com outros nomes, em caso de uma eventual desistência. Segundo o presidente do diretório municipal, o ex-senador José Aníbal, a pré-candidatura “está caminhando” e a definição sobre a data deve se dar nos próximos dois dias. Ele diz que pode haver uma antecipação, mas a razão seria para “fechar essa questão burocrática” e permitir que Datena circule como candidato o quanto antes.

— Nós estamos conversando, porque a campanha está pegando ritmo, ele vai para a rua amanhã (hoje). Depois da convenção, pode-se dizer que o candidato é candidato, antes disso é só pré-candidato, tem que ter um cuidado danado. Então é uma hipótese a antecipação — afirmou Aníbal, maior entusiasta de uma candidatura de Datena, que também é costurada pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e pelo presidente nacional da sigla, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo.

Troca na federação

Também ontem, o partido aprovou a mudança no comando municipal da federação PSDB-Cidadania, colocando Mário Covas Neto, o Zuzinha, como presidente. Zuzinha também é entusiasta da candidatura de Datena, e substitui Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto, que agora passa a presidir a federação apenas em âmbito estadual e não mais na capital. O ato dá “segurança e total confiança à candidatura de Datena”, defendeu Marconi Perillo.

Em 28 de junho, Datena tirou férias do Brasil Urgente, da Band, cumprindo a regra eleitoral que proíbe que pré-candidatos apresentem programas na TV ou rádio a partir de 30 de junho do ano da eleição. Mas isso não é uma garantia de que vai participar do pleito, já que em 2018 ele chegou a se afastar temporariamente, mas voltou às telinhas em 9 de julho, enterrando a pré-candidatura ao Senado. Em 2022, Datena desistiu da disputa ao aparecer na televisão em 30 de junho.

Nesta semana, o apresentador se reuniu, enfim, com lideranças partidárias e com o seu marqueteiro, Felipe Soutello, contratado pela sigla para tocar a campanha. Na sabatina de ontem, Datena concentrou seus ataques no atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB) — a quem se referiu como “pior prefeito que São Paulo já teve” —, disse que “ama” Tabata Amaral (PSB) e afirmou gostar de Guilherme Boulos (PSOL), mas que ele não faria um bom governo. O tucano focou na segurança pública, área na qual deseja ser um “intermediador” entre governo estadual e integrantes do Ministério Público e das polícias.


Fonte: O GLOBO